quarta-feira, 18 de abril de 2012
O Arco da Rua do Souto foi aberto na muralha que circundava a cidade de Braga no início do século XVI, por iniciativa do então Bispo D. Diogo de Sousa, Conhecida por Porta Nova, situava-se no topo de uma das artérias mais relevantes, a Rua do Souto ou rua do comércio. Todavia, o arco que hoje conhecemos adquiriu a sua actual configuração apenas no século XVIII, por iniciativa do Arcebispo D. Gaspar de Bragança que na segunda metade de Setecentos, encarregou, muito possivelmente, André Soares, da sua concepção.
Na realidade, grande parte das acções patrocinadas por D. Diogo de Sousa e seus sucessores foram, nesta época, alteradas ou remodeladas, e o caso do Arco da Porta Nova é bem um exemplo deste movimento de actualização estética da cidade, de cariz tardo-barroco e rococó, no qual André Soares foi uma figura preponderante.
O projecto do novo arco de Braga tem vindo a ser atribuído a este artista, muito embora a sua concretização (1772) seja já posterior à sua morte, ocorrida em 1769 (SMITH, 1973, p. 34). Todavia, o Arco da Porta Nova terá sido uma das suas últimas obras, que se caracteriza pela maior depuração decorativa e grandeza das formas. De certo modo, esta arquitectura, que marca uma das entradas da cidade, é o culminar de todo um percurso onde se incluem edifícios como a Casa da Câmara, ou a igreja dos Congregados. De acordo com Robert Smith, a importância do Arco da Porta Nova materializa-se nas analogias e semelhanças com outros trabalhos de André Soares, de tal forma que chega mesmo a afirmar que aqui se encontram "elementos de todas as fases da obra de André Soares, em Braga" (SMITH, 1973, p. 35).457).
Na face exterior, o Arco, de volta perfeita, é enquadrado por duas pilastras de cada lado, que suportam um frontão interrompido, com pináculos laterais. Ao centro encontra-se o brasão do arcebispo D. Gaspar de Bragança, a imagem alegórica de Braga (c.1715, vinda dos alpendres da Porta do Souto, SMITH, 1973, p. 35) e as armas de Portugal, que mantêm uma linguagem rococó. Na face oposta, o monumento apresenta apenas uma pilastra de cada lado, e os elementos que o compõem denotam um maior movimento, próprio das obras de Soares realizadas em meados do século.
Em todo o caso, este monumento testemunha não apenas o relevante mecenato religioso naquela que é conhecida como a cidade dos arcebispos mas, também, o anúncio de um novo tempo artístico - o neoclassicismo que se viria a impor com a obra de Carlos Amarante.
Adaptado do texto inserto na página do IPPAR de Rosário Carvalho
Palácio do Raio (1754/1755)
O Palácio do Raio deve a sua designação a um dos proprietários - Miguel José Raio, Visconde de São Lázaro -, que adquiriu este imóvel em 1867 (PASSOS, 1954, p. 85). No entanto, a sua edificação é bem anterior, remontando aos anos de 1754-1755. Nesta época, um poderoso comerciante de Braga, João Duarte de Faria, deverá ter encomendado a traça do solar a André Soares, o arquitecto oriundo de Braga. A sua obra caracteriza-se pela monumentalidade, pela plasticidade das formas, e pelo emprego de uma gramática decorativa naturalista, muito característica, de concheados, jarros, grinaldas e festões (SMITH, 1968, p. 305) .No contexto da arte portuguesa, André Soares enquadra-se entre o final do barroco e o início do rococó, situação que se reflecte nas suas arquitecturas, onde a estrutura é barroca mas a decoração rococó (PEREIRA, 1989, p. 456).
Considerada como uma das mais importantes obras deste artista, a Casa do Raio apresenta uma fachada profusamente decorada, em que a simetria geral contrasta com as assimetrias introduzidas pelos frontões das janelas (FERNANDES, 1989, p. 456). Neste alçado, assume particular relevância a secção central, à semelhança do modelo utilizado quer na igreja da Falperra, quer na Câmara Municipal, ambas coevas do Palácio do Raio. A janela que se sobrepõe ao portal liga-se a um frontão curvo, que lembra o da igreja de Santa Maria Madalena, mas aqui a decoração é projectada, destacando-se fortemente da restante fachada (SMITH, 1973, p. 503). Os azulejos que a revestem foram uma incorporação já do século XIX.
Adaptado do texto inserto na página do IPPAR de Rosário Carvalho
Igreja de Santa Maria da Falperra
Capela Sta. Mª Madalena na Falperra Obra ímpar no mais puro espírito Rococó onde sobressai a exuberante decoração exterior da sua fachada harmoniosa e bem desenhada. O contraste entre o cinza do granito e o branco do reboco, recortando formas luxuriantes de volutas, festões, grinaldas, florões e caprichosos concheados, produz um notável efeito e sensação de movimento. Há como que um eixo formado pela porta-janelão-escultura-frontão, traçado no corpo central que se encontra recuado em relação às duas torres.
Adaptado do site da Escola E B 2,3 André Soares: http://www.eb23andresoares.eu/index.php?n=patrono&cod=143&subCat=85
Igreja dos Congregados
A arquitectura da fachada, toda ela em pedra, é a obra mais importante de André Soares. Na cornija, aos elementos que ele vai buscar à arte barroca da Baviera e Áustria, transmite-lhes uma característica sua, muito própria - uma grande plasticidade, coisa extremamente difícil de conseguir no granito. O frontão termina nessa cornija e é considerado um frontão excepcional.
Passando ao interior maneirista da Igreja, com o tecto em estuque, rococó simples, vê-se o altar lateral direito, com os seus motivos acolchoados e auriculares, cheios de movimento e de força.
Ainda nos Congregados, existe uma pequena capela lateral e interior - Capela da Senhora da Aparecida.
Esta capela é uma obra prima do rococó português. Num espaço curto, André Soares consegue meter uma grande carga de elementos barrocos juntos e com grande harmonia. Pega em fragmentos de arquitectura e junta-os, dando a impressão de esculturas. Todo este trabalho em estuque, dá a impressão de ser feito em pedra. O retábulo desta Capela tem duas espécies de aletas que lhe dão monumentalidade, apesar de pequeno. O frontão vem pela capela dentro, demonstrando André Soares, grande conhecimento e sensibilidade na forma de organizar os volumes.
Este arquitecto consegue aqui, de modo particular transmitir a força que trazia dentro de si para as obras que criava.
Adaptado do site da Escola E B 2,3 André Soares: http://www.eb23andresoares.eu/index.php?n=patrono&cod=143&subCat=85
Edifício da Câmara
O actual edifício da Câmara Municipal de Braga, que veio substituir o anterior, renascentista, foi construído entre os anos de 1753 e 1756, a expensas do Senado da cidade e por vontade expressa do Arcebispo D. José de Bragança, irmão legitimado do rei D. João V (SMITH, 1973, p. 506). O seu traçado foi concebido por André Soares, artista natural de Braga. Responsável pela dinamização da construção civil e religiosa de Braga, durante os meados do século XVIII, Soares realizou, igualmente, uma notável intervenção urbanística na cidade (SERRÃO, 2003, p. 269).
Implantado no denominado Campo de Touros, o edifício da Câmara define, juntamente com o Paço do Arcebispo (igualmente concebido por Soares), o eixo central de uma praça, em que prevalece um forte sentido cenográfico. (SMITH, 1968)
A fachada da Casa da Câmara aproxima-se de outras obras de Soares, como a da igreja de Santa Maria Madalena da Falperra ou a da Casa do Raio, pela importância conferida à secção central, onde sobressai a "porta-nicho-frontão" ladeada por fortes pilastras. Contudo, o tratamento destes elementos é diferenciado - mais linear e volumoso, embora mantenha o ritmo que caracteriza a obra daquele arquitecto.
O portal define-se através de duas volutas de grandes dimensões, que recriam um tema muito repetido por Serlio no Livro IV do seu tratado de arquitectura e que deveria ilustrar um fogão de sala (PEREIRA, 1995, vol. III, p. 74). Neste edifício, André Soares traça o caminho seguido na última década de actividade em que, das superfícies graníticas quase lisas, "resulta (...) um novo estilo, que é uma espécie de abstracção linear da outra, essencialmente plástica, em termos de planos superficiais e linhas de contorno, tornando ainda mais estimulante o poderoso desenho" (SMITH, 1973, p. 506).
Adaptado do texto inserto na página do IPPAR de Rosário Carvalho
Biblioteca Pública
A segunda grande campanha construtiva deste espaço ocorreu no século XVI. Por iniciativa de D. Diogo de Sousa, um dos arcebispos incontornáveis da história bracarense, as obras privilegiaram as fachadas que confrontavam com a Rua do Souto, aquela que mais directamente dava para o centro histórico. De maior amplitude foram as obras barrocas, que se desenvolveram ao longo de toda a primeira metade do século XVIII. D. Rodrigo de Moura Teles ampliou o conjunto e o seu sucessor, D. José de Bragança, encarregou-se de dotar as obras de um cunho bem mais aparatoso. Em 1866, este corpo foi totalmente consumido por um incêndio. O que hoje observamos resulta de uma reconstrução integral executada nos anos 20 e 30 do século XX, campanha que conferiu ao monumento uma fachada tripartida de impacto cenográfico, com corpo central ligeiramente recuado e a dois registos, ladeado por dois corpos quadrangulares de alçados definidos em três andares.
Adaptado do texto inserto na página do IPPAR de Rosário Carvalho
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