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O Arco da Rua do Souto foi aberto na muralha que circundava a cidade de Braga no início do século XVI, por iniciativa do então Bispo D. Diogo de Sousa, Conhecida por Porta Nova, situava-se no topo de uma das artérias mais relevantes, a Rua do Souto ou rua do comércio. Todavia, o arco que hoje conhecemos adquiriu a sua actual configuração apenas no século XVIII, por iniciativa do Arcebispo D. Gaspar de Bragança que na segunda metade de Setecentos, encarregou, muito possivelmente, André Soares, da sua concepção.
Na realidade, grande parte das acções patrocinadas por D. Diogo de Sousa e seus sucessores foram, nesta época, alteradas ou remodeladas, e o caso do Arco da Porta Nova é bem um exemplo deste movimento de actualização estética da cidade, de cariz tardo-barroco e rococó, no qual André Soares foi uma figura preponderante.
O projecto do novo arco de Braga tem vindo a ser atribuído a este artista, muito embora a sua concretização (1772) seja já posterior à sua morte, ocorrida em 1769 (SMITH, 1973, p. 34). Todavia, o Arco da Porta Nova terá sido uma das suas últimas obras, que se caracteriza pela maior depuração decorativa e grandeza das formas. De certo modo, esta arquitectura, que marca uma das entradas da cidade, é o culminar de todo um percurso onde se incluem edifícios como a Casa da Câmara, ou a igreja dos Congregados. De acordo com Robert Smith, a importância do Arco da Porta Nova materializa-se nas analogias e semelhanças com outros trabalhos de André Soares, de tal forma que chega mesmo a afirmar que aqui se encontram "elementos de todas as fases da obra de André Soares, em Braga" (SMITH, 1973, p. 35).457).
Na face exterior, o Arco, de volta perfeita, é enquadrado por duas pilastras de cada lado, que suportam um frontão interrompido, com pináculos laterais. Ao centro encontra-se o brasão do arcebispo D. Gaspar de Bragança, a imagem alegórica de Braga (c.1715, vinda dos alpendres da Porta do Souto, SMITH, 1973, p. 35) e as armas de Portugal, que mantêm uma linguagem rococó. Na face oposta, o monumento apresenta apenas uma pilastra de cada lado, e os elementos que o compõem denotam um maior movimento, próprio das obras de Soares realizadas em meados do século.
Em todo o caso, este monumento testemunha não apenas o relevante mecenato religioso naquela que é conhecida como a cidade dos arcebispos mas, também, o anúncio de um novo tempo artístico - o neoclassicismo que se viria a impor com a obra de Carlos Amarante.
Adaptado do texto inserto na página do IPPAR de Rosário Carvalho
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